Experiências

Contexto Territorial da Experiência

Contexto: Cobija, capital do departamento boliviano de Pando, regista um rápido crescimento demográfico, o que conduziu a desigualdades sociais significativas, tais como uma elevada taxa de pobreza de 30%, uma desnutrição infantil de 21% (resultando numa elevada taxa de mortalidade de crianças com menos de cinco anos) e uma taxa de desemprego impressionante de 60%, sendo a maior parte do trabalho informal. Esta situação culmina no agravamento das disparidades entre homens e mulheres em matéria de educação, emprego e desenvolvimento social. A zona rural de Cobija corresponde a um distrito com 15 comunidades e a sua área florestal onde tradicionalmente se fazia a extração da borracha, a recolha da castanha-do-brasil e do açaí está a ser substituída a um ritmo acelerado por actividades de elevado impacto ambiental como a agricultura e a pecuária, acompanhadas do corte de madeira (muitas vezes ilegal) e da queima da vegetação para "preparar" a área para as culturas, promovendo a degradação dos solos. Devido à dificuldade de acesso por estrada (principalmente durante a estação chuvosa), as comunidades rurais não dispõem de um serviço regular de recolha de resíduos sólidos, pelo que a maioria das pessoas queima ou deita os resíduos sólidos em algum canto da sua propriedade ou em partes da estrada, gerando poluição e condições insalubres. Florestanía desenvolve as suas actividades na intersecção entre a zona urbana e a zona rural (comunidade de Bajo Virtudes) de Cobija. O local possui 5 hectares, dos quais 1,8 hectares já estão em processo de regeneração com sistemas agroflorestais e 3,2 hectares cuja vegetação é predominantemente composta por espécies secundárias (árvores, arbustos) de ciclo de vida curto e algumas áreas de capim sapé (Imperata brasiliensis), o que indica o estado degradado do solo, já que seu uso anterior era agrícola e pecuário. A noroeste, o terreno está ligado a áreas maiores de floresta mais madura (com espécies clímax), a norte existem áreas destinadas a actividades agrícolas e pecuárias, que estão cada vez mais a substituir as áreas florestais, reduzindo as áreas naturais que não estão planeadas para manter corredores ecológicos para a vida selvagem. A leste e sudoeste, a área sofre com a pressão urbana, marcada principalmente pela disposição irregular de resíduos sólidos inorgânicos e restos de animais mortos, poluição de córregos, ocupação desordenada de casas, a maioria sem saneamento básico e outros serviços urbanos (água potável, coleta regular de resíduos sólidos) e algumas até localizadas em áreas destinadas a áreas verdes urbanas, além de queimadas frequentes durante a estação seca.